sábado, 30 de julho de 2011

Corremos pelo quê?

"O sofrimento é passageiro, desistir é para sempre"... Dita por um brasileiro que venceu uma prova de 42Km de corrida em pleno continente antártico, essa frase é um "soco" no estômago(como diria Clarice). A reportagem foi ao ar numa série chamada "planeta extremo", e trazia exemplos de competidores que estavam ali encarando aquela situação limite, dispostos a ir até o fim de qualquer forma. Motivos? Diversos, incrivelmente diversos...pessoais, profissionais, financeiros...Mas, a beleza daquele momento era sutil e estava registrada no rosto e na atitude de quem estava ali buscando fazer de uma resistência física individual um símbolo para inspirar uma causa ou mesmo para inspirar pessoas a atravessarem seus próprios desertos de contratempos e dificuldades. O grande soco vem quando nos pergutamos: lutaríamos pelo quê? Estaríamos dispostos a quê? Deveríamos alimentar mesmo sonhos de superação, nem que fosse minimamente para dar exemplo, para incomodar, para mudar o curso resignado das coisas nessa mesmice pseudoconfortada.

Uma dessas pessoas corria para simbolizar a resistência de uma comunidade devastada por um furacão nos Estados Unidos. Outro corria em homenagem ao filho que perdeu para as drogas. Outro corria para obter recursos para continuar dando apoio a uma população de crianças africanas vítimas de uma doença infecto-contagiosa de difícil controle. Ele poderia estar no aconchego quente de seu sofá cruzando os canais de tv, mas não, ele estava dando o melhor de si para que seu esforço, além de não ser em vão, pudesse simbolizar uma luta, uma empreitada pessoal totalmente doada para um punhado de pessoas esquecidas e condenadas num continente que sangra no coração da Terra.

Mas é isso aí! Que bom que temos heróis, poucos dispostos heróis!...Mas, pensando bem, infeliz mesmo do povo que apenas espera por seus heróis e não faz do seu próprio ato de viver um feito heróico, um compromisso de autossuperação cotidiana. Muitos até topam algum sacrifício, porque o gosto de uma possível vitória é para sempre. Mas não seria o gosto de uma vitória sempre substituído pelo desejo de outra e mais outra? Sim...humanos que somos! Porém, o gosto do desistir, quando deveríamos insistir...isto sim pode ser definitivo e para sempre.

-Mariana

quinta-feira, 7 de julho de 2011


"Até hoje, pergunta-se: para que serve a arte, para que serve a poesia?...Intelectuais se aprumam, pigarreiam e começam a responder dizendo "Veja bem..." e daí em diante é um blablablá teórico que tenta explicar o inexplicável. Poesia serve exatamente para a mesma coisa que serve uma vaca no meio da calçada de uma agitada metrópole. Para alterar o curso do seu andar, para interromper um hábito, para evitar repetições, para provocar um estranhamento, para alegrar o seu dia, para fazê-lo pensar, para resgatá-lo do inferno que é viver todo santo dia sem nenhum assombro, sem nenhum encantamento."

Fragmento da Crônica Veneno Antimonotonia - Livro: Doidas e Santas - Martha Medeiros

sexta-feira, 1 de julho de 2011

" A música é uma das coisas mais agradáveis, seja ela instrumental, seja acompanhada de canto (...) Seu poder alegra os homens e por este motivo deve ser incluída na educação dos jovens (...) A música nos enche a alma de entusiasmo, e o entusiasmo é uma emoção da parte ética da alma (...) A música tem o poder de produzir um certo efeito moral na alma, e se ela tem este poder, é óbvio que os jovens devem ser educados nela (...) Os jovens, por causa da idade, não suportam o que não é adoçado pelo prazer, e a música é naturalmente doce. "

(Aristóteles) , fonte: QuiNTa FiLoSóFiCa [Ano III – No. 81]